domingo, 3 de fevereiro de 2008

Lua de seresta (de Alma Welt)

(10)

Seresteira irmã da Alma
que me fazes acordar
após um sono sem calma
que permitiu te escutar,

Lua, lua, só me resta
ir vagando ao teu encontro
para ouvir tua seresta
a que respondi de pronto.

Meu balcão é a varanda
sobre teu jardim lunado
recendendo à lavanda
do jasmineiro acordado

E logo assisto ao desfile
dos luzeiros encantados
dos pirilampos do Chile,
que assim os quis rimados...

E então me ponho nua
pois não posso me esconder
do olhar arco-de-pua
com que verrumas meu ser.

Depois deitada entre as flores
afasto meus brancos membros
para que vejas as cores
dos dias de teus setembros.

Mas, ai! comicha-me a gruta
um travesso vagalume
e fujo como uma truta
pro meu leito de costume.

Lua nova, aqui me deixes,
não me faças te buscar!
Teus cantos de rio e mar
alvoroçaram-me os peixes...


(sem data)

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah! quer dizer que entrou bichinho na grutinha dela? Vagalume safado! Mas então como é que a bela Alma vai deitar pelada no Jardim? Não coça? Ah! coçou! Estou brincando... Gostei da imagem dos peixes. Alma era grande. E sensual... Marcão

Lúcia Welt disse...

Alma era uma romântica que não excluía o humor. E isso era uma de suas mais interessantes e originais características, a par de um intenso erotismo