(9)
Quando cai a lua cheia
sobre alfombras de coxilhas
um canto de plena veia
percorre o Pampa por milhas
E vemos os fogos no chão
com as chaleiras que chiam
fervendo pro chimarrão
dos "gáltchos" que silenciam
para ouvir cantos de lua
ao som de foles gaudérios
com estórias de mistérios
de uma estranha prenda nua
que galopa em plena noite
com a ruiva cabeleira
como o rastro de um açoite
nessa vigília pampeira.
Já sabem usteds quem é
essa china impenitente
que chega a sorrir até
ouvindo o que diz a gente?
Voem cantos, chie o mate...
Olhar, comece a vigia!
Esta noite cante o vate
as façanhas da guria!
Que galopa em plena noite
com a ruiva cabeleira
como rastros de um açoite
na grande noite pampeira.
(sem data)
Nota da editora
Nos últimos tempos recrudeceu o hábito da Alma de sair tarde da noite cavalgando nua e em pelo a sua égua Miranda pelas pradarias até longe do casarão. Isso aumentou a sua lenda entre os peões aqui na nossa região.
Uma noite, Matilde, nossa cosinheira e sua ex-babá, que percebeu o que acontecia, conseguiu impedi-la amarrando-a na cama. Ela achava que Alma estava louca. Confesso que não a desamarrei e fiquei à sua cabeceira acalentando-a, até que cessou de se debater e adormeceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário