domingo, 15 de novembro de 2009

Cogito (de Alma Welt)

Ofuscados pela luz,
não podemos enfrentar
seu brilho incrível.
Muito menos encarar
o sol que nos protege
e oprime.
Quão frágeis somos
sobre a Terra e seus caprichos
afinal benevolentes
se nos inteiramos
de nossa insignificância...


Abelhas e formigas
têm, visivelmente
o mesmo significado
que nós homens
perante a Vida e a Morte.
E no entanto...
porque cogitamos
e nos debatemos
na mente inconformada?

Tanta poesia
no papel
desperdiçada!...


18/07/2006

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Volta à casa paterna (de Alma Welt)


Capa do folheto com desenho de Guilherme de Faria



Volto à casa paterna, comovida,
onde a alma e o coração nasceram,
aparentemente, nesta vida,
conquanto ecos que os precederam
julgo escutar ao fundo, estarrecida.

Olho as paredes, lombadas nas estantes,
retratos e poeira tão constantes
e um piano mudo expectante
de mãos habilidosas já ausentes

Quanta tristeza, que noite persistente
atravessa o casarão demente!...
murmúrios e o correr das lágrimas
do pranto e o ranger de dentes...

Contudo, na casa impregnada
uma carga de ausência renitente
que o coração martela ao pé da escada...

no hall, no labirinto,corredores,
jogo eterno da alma em seus temores,
buscando o leito de dossel materno,
o berço ao lado, o cortinado branco
ondulando ao vento como por encanto...

Quero deitar de novo neste berço
quero dormir ouvindo o acalanto
e retornar ao mundo do sonhar primeiro,
afugentando o sono do espinheiro
pra ter de novo a casa que mereço
e ouvir de novo aquele canto...

no hall, no labirinto,corredores,
jogo eterno da alma em seus temores,
buscando o leito de dossel materno,
o berço ao lado, o cortinado branco
ondulando ao vento como por encanto...

21/11/2005

domingo, 1 de novembro de 2009

Poema perplexo (de Alma Welt)

O melhor de mim é a certeza
de minha perplexidade inominável
diante da vida erigida em religião
de mistérios e de assombros.

E o amor... por quase tudo
menos pelas moscas,
que essas seriam mesmo do diabo,
como mosquitos e algumas larvas

Mas o sol, e o seu pôr,
o sol...
só pode ser Deus,
se Deus houvesse.

Ando pela campina,
ainda a colher flores,
privilégio que veio a mim
de outras eras
E ao imaginar-me e mesmo avistar-me
com longínquo olho me comovo comigo
e abano a cabeça. conformada.
Romântica ? Talvez...
por pura estética...


17/08/2006