(Este notável e estranho poema foi escrito por Alma quando ela tinha apenas 16 anos, já denotando o seu caráter romântico e um tanto esotérico, dentro da grande tradição do Romantismo Alemão de nossos ancestrais paternos. (Lucia Welt)
ORSILIA
Numa floresta gótica
Jaz, erma e terrível, a lembrança de Orsilia
A mágica luz dos entre-arcos, que nenhum vento distorce
Pousa nalgum lugar de seu corpo, um reflexo de dor.
Suas tranças germinaram, recompondo a dourada face
Nenhuma oscilação afugenta o espírito em seu retorno,
Mas toda a atmosfera submete-se a uma paz ditada pela morte.
O silêncio canta uma balada ancestral.
Nem a névoa estagnada dos pântanos
Nem o petrificado gesto do íbis
Se dispersa ante tão suave angústia.
Orsilia vagueia seu amor translúcido
Seu triste amor, agora isento de recordações
......................................................................
à margem de uma estrada, um vento sofre nas ramadas.
______________________________________
Este espaço é dedicado especificamente à obra poética em versos livres da escritora gaúcha Alma Welt (1972-2007) e está sendo administrado por sua irmã Lucia Welt
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Meu perfil (cordel deAlma Welt)
Acabo de encontrar este perfil da Alma, perdido na montanha de seus textos, dentro da arca de sua obra inédita. Este curioso poema narrativo auto-biográfico, que ela classificou de "cordel", me faz crer que ela pensava em abrir seu blog e que não teve tempo. Infelizmente também o poema parece ter ficado inacabado, interrompido... (Lucia Welt)
Em berço de terra pura
Pois à margem de uma estrada,
Conquanto de mãe apeada
De uma bela viatura,
Meu pai colheu-me com a mão
Sem luvas de cirurgião
(que sendo médico e artista
escolheu ser pianista)
E num parto de perigo
Arrancou o seu cadarço
Pra amarrar o meu umbigo
Cortado com um estilhaço
De garrafa de Calvados
Que quebrou com um trompaço
Ficando os cordões molhados,
E também rompendo o laço
Com a bela Açoriana
Que nunca logrou reter-me
Por mais que tivesse gana
De ao seu ventre devolver-me.
Então nesta bela estância
Dos meus avós vinhateiros
Vivi minha bela infância
E meus sonhos verdadeiros
Que eram de viver solta
Junto de companheiros
Que estavam à minha volta:
Os meus deuses derradeiros,
E o mais belo querubim
Que era Rodo, irmão amado
A quem Ananque, a do Fado
Quis fazer-me amar assim.
Meu pai, a quem chamo Vati
Tomou-me então pra criar
Destinada a ser um Vate,
Pagã, sem jamais pecar.
Para isso resgatou-me
Dos braços da Açoriana
Que me levaria à Santana
E da charrete tirou-me
Pra não me deixar batizar
E nem mesmo ouvir falar
De “pecado original”
Ou outro pecado que tal.
E assim vivi neste prado
No jardim, no casarão,
E no meu pomar sagrado
Da árvore do coração,
Sim, a ARA, macieira
Que gravei com o canivete
Do meu querido pivete
E sua flecha certeira...
E no pomar-paraíso
Sob a árvore sagrada
Fui um dia encontrada
Nuazinha e sem juízo
Por minha mãe furibunda
Que puxando-me os cabelos
E fustigando-me a bunda
Me interrompeu os desvelos...
Pois não estava sozinha
Mas com meu irmãozinho
Sua mão na minha xaninha
E a minha no seu pintinho.
Ai! Me lembro do arrastão,
Por uma fúria arrastada
A cobrir-me com a mão
Que assim fui obrigada.
Bah! pobres destes maninhos
Puxados pelos cabelos
A cobrir-nos, tão sem pelos,
As vergonhas que não tínhamos...
.......................
Em berço de terra pura
Pois à margem de uma estrada,
Conquanto de mãe apeada
De uma bela viatura,
Meu pai colheu-me com a mão
Sem luvas de cirurgião
(que sendo médico e artista
escolheu ser pianista)
E num parto de perigo
Arrancou o seu cadarço
Pra amarrar o meu umbigo
Cortado com um estilhaço
De garrafa de Calvados
Que quebrou com um trompaço
Ficando os cordões molhados,
E também rompendo o laço
Com a bela Açoriana
Que nunca logrou reter-me
Por mais que tivesse gana
De ao seu ventre devolver-me.
Então nesta bela estância
Dos meus avós vinhateiros
Vivi minha bela infância
E meus sonhos verdadeiros
Que eram de viver solta
Junto de companheiros
Que estavam à minha volta:
Os meus deuses derradeiros,
E o mais belo querubim
Que era Rodo, irmão amado
A quem Ananque, a do Fado
Quis fazer-me amar assim.
Meu pai, a quem chamo Vati
Tomou-me então pra criar
Destinada a ser um Vate,
Pagã, sem jamais pecar.
Para isso resgatou-me
Dos braços da Açoriana
Que me levaria à Santana
E da charrete tirou-me
Pra não me deixar batizar
E nem mesmo ouvir falar
De “pecado original”
Ou outro pecado que tal.
E assim vivi neste prado
No jardim, no casarão,
E no meu pomar sagrado
Da árvore do coração,
Sim, a ARA, macieira
Que gravei com o canivete
Do meu querido pivete
E sua flecha certeira...
E no pomar-paraíso
Sob a árvore sagrada
Fui um dia encontrada
Nuazinha e sem juízo
Por minha mãe furibunda
Que puxando-me os cabelos
E fustigando-me a bunda
Me interrompeu os desvelos...
Pois não estava sozinha
Mas com meu irmãozinho
Sua mão na minha xaninha
E a minha no seu pintinho.
Ai! Me lembro do arrastão,
Por uma fúria arrastada
A cobrir-me com a mão
Que assim fui obrigada.
Bah! pobres destes maninhos
Puxados pelos cabelos
A cobrir-nos, tão sem pelos,
As vergonhas que não tínhamos...
.......................
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
DOZE CANÇÕES DA LUA (de Alma Welt)
Leitos da Lua (de Alma Welt)
(13)
Pelos pagos planos do meu pampa
Ia a lua vagando em vaga via,
Feitora das marés em sua rampa
Mas, ai! aí eu ia ao seu apelo,
Levitada de meu leito de guria
Para banhar-me à luz do seu desvelo
E, pura, pelos prados do prazer
Eu pulava por planura e pouco chão,
Já prestes a pelar pra a lua ver...
E foi assim que minha mãe, a Açoriana,
Depois de procurar-me, não em vão,
Notou-me nua em nívea névoa, ó noite insana!
(sem data)
Notas da editora
Por curiosidade revelarei aqui dois tercetos que finalizariam o poema, mas que a Alma riscou, excluiu, pela sua extraordinária sabedoria técnica que sabia sempre quando um poema estava terminado, evitando o demasiado circunstancial:
"E me pegando pelo punho me puxou
Arrastando-me de volta ao casarão,
Brutalmente no banco me botou,
Onde, tímida, tremendo, torturada,
Fui resgatada por guri, sim, o irmão!
Que lívida levou-me e... fui amada."
Com esse curioso e encantador poema, cheio de aliterações, dou por terminada a minha pesquisa e alinhavo do que convencionei chamar Canções da Lua, da Alma. Naturalmente é possível que outros poemas da grande poetisa se encaixem nessa denominação ou gênero, e que eu ainda os descubra na incrível montanha de textos de minha irmã, em que estou embrenhada. Mas por ora, com estes doze podemos, eu e o querido João Roquer (da Banda Risses) pensar em musicar e criar um CD, para o qual já encomendei a capa e o encarte ao mestre Guilherme de Faria, que os amou. (Lucia Welt)
_______________________________________________
Pelos Caminhos da Noite (de Alma Welt)
12
Pelos caminhos da noite
que já conheço tão bem
sem que tema nem me afoite
caminho como ninguém
O poema é meu guia
e a lua farol brilhante
Meu corpo é a cotovia
que por sua luz se adiante
Ah! minha lua faroleira
que giras sobre este mar
que só tem sua fronteira
se mil porteiras fechar
Navego por entre coxilhas
como as ondas desse mar
Ah! encantadas ilhas
do meu doido navegar!
Lua, lua me carregue
já começo a me alçar
Estou nua estou entregue
ao teu fio de enredar
és a aranha da noite
em tua teia estelar...
_________________________________
A Barca da lua
(dos Sonetos Pampianos da Alma)
(11)
Lua do meu pampa, remadora
Que me chamas nas noites de verão
Pela minha janela tentadora
Por onde fujo descendo até o chão
Pelos galhos da minha amoreira
Que plantei, criança muito esperta
Pois já tramava escapar de minha coberta
E vagar pelo jardim qual feiticeira
Co'a varinha acendendo os pirilampos,
Brincando com os sonhos e a magia
Que sempre habitaram nestes campos.
Lua, promete, me arrebate
Ao olho fatal que, sei, me espia,
E conduze-me em teu barco ao Grande Vate!
11/01/2007
Nota da editora
A rigor este lindo soneto recém-encontrado pertence aos sonetos Pampianos da Alma, mas pela temática resolvi publicá-lo aqui embora haja nos Pampianos muitos outros também com a temática da lua. (Lucia Welt)
(13)
Pelos pagos planos do meu pampa
Ia a lua vagando em vaga via,
Feitora das marés em sua rampa
Mas, ai! aí eu ia ao seu apelo,
Levitada de meu leito de guria
Para banhar-me à luz do seu desvelo
E, pura, pelos prados do prazer
Eu pulava por planura e pouco chão,
Já prestes a pelar pra a lua ver...
E foi assim que minha mãe, a Açoriana,
Depois de procurar-me, não em vão,
Notou-me nua em nívea névoa, ó noite insana!
(sem data)
Notas da editora
Por curiosidade revelarei aqui dois tercetos que finalizariam o poema, mas que a Alma riscou, excluiu, pela sua extraordinária sabedoria técnica que sabia sempre quando um poema estava terminado, evitando o demasiado circunstancial:
"E me pegando pelo punho me puxou
Arrastando-me de volta ao casarão,
Brutalmente no banco me botou,
Onde, tímida, tremendo, torturada,
Fui resgatada por guri, sim, o irmão!
Que lívida levou-me e... fui amada."
Com esse curioso e encantador poema, cheio de aliterações, dou por terminada a minha pesquisa e alinhavo do que convencionei chamar Canções da Lua, da Alma. Naturalmente é possível que outros poemas da grande poetisa se encaixem nessa denominação ou gênero, e que eu ainda os descubra na incrível montanha de textos de minha irmã, em que estou embrenhada. Mas por ora, com estes doze podemos, eu e o querido João Roquer (da Banda Risses) pensar em musicar e criar um CD, para o qual já encomendei a capa e o encarte ao mestre Guilherme de Faria, que os amou. (Lucia Welt)
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Pelos Caminhos da Noite (de Alma Welt)
12
Pelos caminhos da noite
que já conheço tão bem
sem que tema nem me afoite
caminho como ninguém
O poema é meu guia
e a lua farol brilhante
Meu corpo é a cotovia
que por sua luz se adiante
Ah! minha lua faroleira
que giras sobre este mar
que só tem sua fronteira
se mil porteiras fechar
Navego por entre coxilhas
como as ondas desse mar
Ah! encantadas ilhas
do meu doido navegar!
Lua, lua me carregue
já começo a me alçar
Estou nua estou entregue
ao teu fio de enredar
és a aranha da noite
em tua teia estelar...
_________________________________
A Barca da lua
(dos Sonetos Pampianos da Alma)
(11)
Lua do meu pampa, remadora
Que me chamas nas noites de verão
Pela minha janela tentadora
Por onde fujo descendo até o chão
Pelos galhos da minha amoreira
Que plantei, criança muito esperta
Pois já tramava escapar de minha coberta
E vagar pelo jardim qual feiticeira
Co'a varinha acendendo os pirilampos,
Brincando com os sonhos e a magia
Que sempre habitaram nestes campos.
Lua, promete, me arrebate
Ao olho fatal que, sei, me espia,
E conduze-me em teu barco ao Grande Vate!
11/01/2007
Nota da editora
A rigor este lindo soneto recém-encontrado pertence aos sonetos Pampianos da Alma, mas pela temática resolvi publicá-lo aqui embora haja nos Pampianos muitos outros também com a temática da lua. (Lucia Welt)
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Lua de seresta (de Alma Welt)
(10)
Seresteira irmã da Alma
que me fazes acordar
após um sono sem calma
que permitiu te escutar,
Lua, lua, só me resta
ir vagando ao teu encontro
para ouvir tua seresta
a que respondi de pronto.
Meu balcão é a varanda
sobre teu jardim lunado
recendendo à lavanda
do jasmineiro acordado
E logo assisto ao desfile
dos luzeiros encantados
dos pirilampos do Chile,
que assim os quis rimados...
E então me ponho nua
pois não posso me esconder
do olhar arco-de-pua
com que verrumas meu ser.
Depois deitada entre as flores
afasto meus brancos membros
para que vejas as cores
dos dias de teus setembros.
Mas, ai! comicha-me a gruta
um travesso vagalume
e fujo como uma truta
pro meu leito de costume.
Lua nova, aqui me deixes,
não me faças te buscar!
Teus cantos de rio e mar
alvoroçaram-me os peixes...
(sem data)
Seresteira irmã da Alma
que me fazes acordar
após um sono sem calma
que permitiu te escutar,
Lua, lua, só me resta
ir vagando ao teu encontro
para ouvir tua seresta
a que respondi de pronto.
Meu balcão é a varanda
sobre teu jardim lunado
recendendo à lavanda
do jasmineiro acordado
E logo assisto ao desfile
dos luzeiros encantados
dos pirilampos do Chile,
que assim os quis rimados...
E então me ponho nua
pois não posso me esconder
do olhar arco-de-pua
com que verrumas meu ser.
Depois deitada entre as flores
afasto meus brancos membros
para que vejas as cores
dos dias de teus setembros.
Mas, ai! comicha-me a gruta
um travesso vagalume
e fujo como uma truta
pro meu leito de costume.
Lua nova, aqui me deixes,
não me faças te buscar!
Teus cantos de rio e mar
alvoroçaram-me os peixes...
(sem data)
Vigílias pampeiras (de Alma Welt)
(9)
Quando cai a lua cheia
sobre alfombras de coxilhas
um canto de plena veia
percorre o Pampa por milhas
E vemos os fogos no chão
com as chaleiras que chiam
fervendo pro chimarrão
dos "gáltchos" que silenciam
para ouvir cantos de lua
ao som de foles gaudérios
com estórias de mistérios
de uma estranha prenda nua
que galopa em plena noite
com a ruiva cabeleira
como o rastro de um açoite
nessa vigília pampeira.
Já sabem usteds quem é
essa china impenitente
que chega a sorrir até
ouvindo o que diz a gente?
Voem cantos, chie o mate...
Olhar, comece a vigia!
Esta noite cante o vate
as façanhas da guria!
Que galopa em plena noite
com a ruiva cabeleira
como rastros de um açoite
na grande noite pampeira.
(sem data)
Nota da editora
Nos últimos tempos recrudeceu o hábito da Alma de sair tarde da noite cavalgando nua e em pelo a sua égua Miranda pelas pradarias até longe do casarão. Isso aumentou a sua lenda entre os peões aqui na nossa região.
Uma noite, Matilde, nossa cosinheira e sua ex-babá, que percebeu o que acontecia, conseguiu impedi-la amarrando-a na cama. Ela achava que Alma estava louca. Confesso que não a desamarrei e fiquei à sua cabeceira acalentando-a, até que cessou de se debater e adormeceu.
Quando cai a lua cheia
sobre alfombras de coxilhas
um canto de plena veia
percorre o Pampa por milhas
E vemos os fogos no chão
com as chaleiras que chiam
fervendo pro chimarrão
dos "gáltchos" que silenciam
para ouvir cantos de lua
ao som de foles gaudérios
com estórias de mistérios
de uma estranha prenda nua
que galopa em plena noite
com a ruiva cabeleira
como o rastro de um açoite
nessa vigília pampeira.
Já sabem usteds quem é
essa china impenitente
que chega a sorrir até
ouvindo o que diz a gente?
Voem cantos, chie o mate...
Olhar, comece a vigia!
Esta noite cante o vate
as façanhas da guria!
Que galopa em plena noite
com a ruiva cabeleira
como rastros de um açoite
na grande noite pampeira.
(sem data)
Nota da editora
Nos últimos tempos recrudeceu o hábito da Alma de sair tarde da noite cavalgando nua e em pelo a sua égua Miranda pelas pradarias até longe do casarão. Isso aumentou a sua lenda entre os peões aqui na nossa região.
Uma noite, Matilde, nossa cosinheira e sua ex-babá, que percebeu o que acontecia, conseguiu impedi-la amarrando-a na cama. Ela achava que Alma estava louca. Confesso que não a desamarrei e fiquei à sua cabeceira acalentando-a, até que cessou de se debater e adormeceu.
Teia lunar (de Alma Welt)
(8)
Pequena lua impassível
que de noite vens me olhar
com teu brilho impossível
de a ti mesma revelar
Que me dizes, o que quer
teu branco olho lunar?
Teu silêncio me requer
desfazer-me em meu tear?
Levanto-me branca e nua
no meu sonho recorrente
e vou andar pela rua
como uma pobre demente
Até retornar ao leito
vaga, sonada e lenta
trazendo uma flor no peito,
na boca um sabor de menta.
Sob os lençóis macios
me deito já desfrutada
como esses seres vadios
de tua louca noitada
E durmo com minhas mãos
que desfizeram a teia,
repousando entre os vãos
que o teu olhar incendeia.
(sem data)
Pequena lua impassível
que de noite vens me olhar
com teu brilho impossível
de a ti mesma revelar
Que me dizes, o que quer
teu branco olho lunar?
Teu silêncio me requer
desfazer-me em meu tear?
Levanto-me branca e nua
no meu sonho recorrente
e vou andar pela rua
como uma pobre demente
Até retornar ao leito
vaga, sonada e lenta
trazendo uma flor no peito,
na boca um sabor de menta.
Sob os lençóis macios
me deito já desfrutada
como esses seres vadios
de tua louca noitada
E durmo com minhas mãos
que desfizeram a teia,
repousando entre os vãos
que o teu olhar incendeia.
(sem data)
sábado, 2 de fevereiro de 2008
A alucinada ( das Canções da Lua, de Alma Welt)
(7)
Pelas margens do meu rio
irei nas noites de lua
entre o sonho e o delírio
por esta espécie de rua
que me leva a este nada
perfeito, noturno e claro
onde encontrarei a amada
e seu canto muito raro.
Lua, lua aí vem ela
envolta em tua aura
azulada que até gela
mas que tão logo restaura
a sua feição bonita
em risos de alucinada
que entre cantares grita
o seu amor, pela estrada
que me leva a esta amada
perfeita, noturna e clara...
(sem data)
Pelas margens do meu rio
irei nas noites de lua
entre o sonho e o delírio
por esta espécie de rua
que me leva a este nada
perfeito, noturno e claro
onde encontrarei a amada
e seu canto muito raro.
Lua, lua aí vem ela
envolta em tua aura
azulada que até gela
mas que tão logo restaura
a sua feição bonita
em risos de alucinada
que entre cantares grita
o seu amor, pela estrada
que me leva a esta amada
perfeita, noturna e clara...
(sem data)
Lua cigana (de Alma Welt)
(6)
Minha cigana vem vindo
no seu carroção da noite
buscar-me para um pernoite
que já me vejo fruindo.
Lua, lua cigana
começo a ouvir o teu canto
e ainda não sei o quanto
estás perto desta "hermana".
Voarei se me quiseres
nas asas do teu luar
por suas trilhas no ar
em campos de mal-me-queres.
E quando enfim começar
o fandango de rabecas
tuas ciganas sapecas
me verão também bailar.
(sem data)
Minha cigana vem vindo
no seu carroção da noite
buscar-me para um pernoite
que já me vejo fruindo.
Lua, lua cigana
começo a ouvir o teu canto
e ainda não sei o quanto
estás perto desta "hermana".
Voarei se me quiseres
nas asas do teu luar
por suas trilhas no ar
em campos de mal-me-queres.
E quando enfim começar
o fandango de rabecas
tuas ciganas sapecas
me verão também bailar.
(sem data)
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Canção da noite de lua (de Alma Welt)
Mais uma "Canção de Lua" descoberta entre a imensa produção da Alma, ainda inédita, encontrada em sua arca... (Lucia Welt)
(5)
Pela campina anoitada
minha lua está a vagar
lançando apelos na estrada.
Te quero, lua, e irei
contigo esta noite deitar,
que já não tenho mais lei.
Me porei nua nos prados
pra me causares marés,
pra me lunar dos dois lados.
Branca como uma fada
me deitarei aos teus pés,
a ti serei consagrada.
E quando fores de dia
pro teu refúgio secreto,
me farei tua cotovia:
Voltarei cantando ao lar
contar ao irmão dileto
que longe fui namorar...
(sem data)
(5)
Pela campina anoitada
minha lua está a vagar
lançando apelos na estrada.
Te quero, lua, e irei
contigo esta noite deitar,
que já não tenho mais lei.
Me porei nua nos prados
pra me causares marés,
pra me lunar dos dois lados.
Branca como uma fada
me deitarei aos teus pés,
a ti serei consagrada.
E quando fores de dia
pro teu refúgio secreto,
me farei tua cotovia:
Voltarei cantando ao lar
contar ao irmão dileto
que longe fui namorar...
(sem data)
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