terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Poema digital para Andrea ( de Alma Welt)


Capa do folheto Poemas à Andrea, publcado dentro de um kit pela Edições do Pavão Misterioso

Poema digital para Andrea

( Alma Welt)

Mulher que escreves
teu nome sob doces declarações
e ardentes carícias virtuais
amando um rosto
e um corpo que não viste
e que talvez nem imagines
em teu claro coração,
que prodígios de amor,
que sede encantada, que toques
a pele da alma
desta Alma!
Ouves de longe meus gemidos
como um surdo minuano
soprando forte
não gelado
mas aquecido pelo coração?

Eu te visito à noite
em teu leito solitário,
afasto com cuidado
a triste cachorrinha
(que lentamente se vai),
para deitar-me
trêmula ao teu lado
nua como tu no teu leito
de verão paulistano,
que venho nua do longínquo Sul
e não posso nem quero
carregar roupas sobre mim
em nosso ardente sonho nu
compartilhado.
Esperas-me nas noites
pois sou “a gostosa da Internet”
conforme teus gaiatos colegas de trabalho
e quem sabe
jocosos amigos
carinhosos
que te querem o melhor.

Tudo me deleita.
Como não sorrir para a beleza disto tudo
se o amor continua raro e fomos bafejadas
insolitamente, no doido mundo digital?
Espera-me nas noites
Andrea
Espera-me na pequena tela
que lá estarei nas ardentes noites
de tua insônia molhada
que me ofereces
dadivosa
como eu a ti.

Quem poderá deter-nos
em nosso deitar e rolar
se somos livres como não se pode
imaginar
pois que não há testemunhas possíveis
dos “obcenos detalhes”
salvo um imponderável haker
do futuro
que invada o disco rígido
onde lá, no fundo,
ondulam os discos flexíveis
das nossa colunas vertebrais
no jogo amoroso
eternizado nos circuitos
do grande casarão virtual
da máquina
um dia uma sucata
que conterá nossos segredos.

Comoveremos o mundo
um dia, Andréa,
o mundo digital e virtual
ainda mais futuro
mas que porventura saberá
verter lágrimas
pela beleza...
e pelo infinito gozo do amor .
01/01/2006

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