segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Volta à casa paterna (de Alma Welt)


Capa do folheto com desenho de Guilherme de Faria



Volto à casa paterna, comovida,
onde a alma e o coração nasceram,
aparentemente, nesta vida,
conquanto ecos que os precederam
julgo escutar ao fundo, estarrecida.

Olho as paredes, lombadas nas estantes,
retratos e poeira tão constantes
e um piano mudo expectante
de mãos habilidosas já ausentes

Quanta tristeza, que noite persistente
atravessa o casarão demente!...
murmúrios e o correr das lágrimas
do pranto e o ranger de dentes...

Contudo, na casa impregnada
uma carga de ausência renitente
que o coração martela ao pé da escada...

no hall, no labirinto,corredores,
jogo eterno da alma em seus temores,
buscando o leito de dossel materno,
o berço ao lado, o cortinado branco
ondulando ao vento como por encanto...

Quero deitar de novo neste berço
quero dormir ouvindo o acalanto
e retornar ao mundo do sonhar primeiro,
afugentando o sono do espinheiro
pra ter de novo a casa que mereço
e ouvir de novo aquele canto...

no hall, no labirinto,corredores,
jogo eterno da alma em seus temores,
buscando o leito de dossel materno,
o berço ao lado, o cortinado branco
ondulando ao vento como por encanto...

21/11/2005

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